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15.9.23

COM FESTAS E BOLOS SÓ SE ENGANAM OS TOLOS

 

   As festas em geral são eventos que as pessoas gostam de vivenciar e divertir. Mas o facto de as pessoas gostarem de se divertir, em nada estão impedidas de, perante os números até agora apresentados pela Comissão de Mordomos, de acharem que a festa não correu bem. Aliás, o achar que não correu bem peca por defeito. A festa de Malcata foi muito participada pelo povo da aldeia. O que os mordomos não conseguiram foi alcançar resultados positivos. E esses resultados positivos seriam alcançados se no mínimo tivessem dinheiro para pagar todas as despesas que a festa custou.
   Este ano a mordomia não pode justificar os resultados negativos com a falta de adesão das pessoas e das contribuições que muitos ofereceram. Estou a escrever tendo por base um prejuízo na ordem de oito mil e tal euros que tanta falta fazem nas contas. Tratando-se de um valor considerável, maior se torna quando se trata da festa numa aldeia rural como é o caso da nossa. O valor da dívida até pode vir a ser reduzida, mas estes números que apresentaram no fim da festa, provam que nem tudo correu bem e ao contrário daquilo que as pessoas observaram durante os dias da festa, aconteceram situações que merecem ser esclarecidas pelos mordomos.
   E a falta de dinheiro para o pagamento das despesas fez acordar aqueles que andaram a dormir durante meses. Deixaram a coisa andar e nunca se mostraram descontentes com a caminhada dos mordomos. Depois da festa e do atraso da apresentação das contas, é que muitos se aperceberam que alguma coisa má estava para ser anunciada.



    Para surpresa da comunidade os Mordomos de 2023 divulgaram um comunicado, que eu li nas redes sociais, pedindo ajuda financeira para poderem pagar a todos os fornecedores. Ao fazer o apelo à ajuda antes da apresentação das contas veio agravar ainda mais a situação pela qual estavam a passar. Se a esta decisão adicionarmos as contas provisórias, feriram de morte o crédito e o apoio de muita gente, incluindo pessoas amigas ou ligadas por laços de convivência.
   Em qualquer terra as festas são uma forma de promover a dita freguesia, que as tradições e os costumes ajudam a alcançar esse fim. E quando a festa apresenta contas limpas, transparentes, fundamentadas com documentos, movimentos de dinheiro justificados e verificados, toda a gente aplaude e encerram-se as contas. Não fosse um desvio tão elevado entre receita e despesa se calhar não se falava tanto ou se apontavam as causas desse desvio. Mas o errado não está no prejuízo que há, mas as causas que levaram a que isso acontecesse. Quem anda à chuva corre o risco de se molhar, mas se eu sair à rua e estiver a chover, faço-o com o guarda-chuva aberto!  Isto só para dizer que a prevenção pode ser boa conselheira.
   E quem nunca errou que atire a primeira crítica! Todos já falhámos e nas nossas vidas há momentos menos felizes. O que temos a fazer é aprender com o erro e mudar a nossa actuação para não repetirmos os mesmos erros.
   Aplicando esta minha teoria aos Mordomos 2023, quem vier a seguir tem que trabalhar, delegar, responsabilizar, organizar e confiar uns nos outros. Vejam o trabalho realizado por uma equipa da F1 e interroguem-se sobre as razões de tanto êxito. É graças ao trabalho em equipa que os pilotos ganham as corridas. Cada elemento da equipa sabe a função que deve executar e tem a consciência que um erro vai afectar o bom desempenho da marca do carro. Na equipa a confiança, a responsabilidade e a entrega resulta numa festa na pista.

   Os mordomos de 2023, convocaram o povo para o dia 16 de Setembro, pelas 17 horas, na sede da Junta de Freguesia. Dizem nessa convocatória que ali vão apresentar todas as contas e todos os documentos que têm sobre a festa.
   Muitas pessoas mostraram interesse em estar presentes. Desejo que quem estiver presente tenha a capacidade e paciência de distinguir o essencial e importante que aconteceu na festa e esquecer o acessório. Defender aquilo que não tem defesa, não vale a pena estar a perder tempo, porque o povo sempre gostou da festa e da música, do baile e da procissão. Detesta é ser enganado e enxovalhado.
                                                           José Nunes Martins


  

7.4.23

MALCATA: O ENTERRO DE J.N.R.J.

 


   Que memórias tenho da Sexta-feira Santa em Malcata?
   As minhas são as de um jovem, nascido nos anos 60, que até aos 11 anos vivia na comunidade malcatenha.
   Nesses tempos, a religião católica é que determinava e orientava os comportamentos dos aldeões, pessoas trabalhadoras, respeitadoras das leis da Igreja e dos políticos que mandavam no nosso país. Quem sabia escrever e ler, por vezes entendia a vida de modos diferentes da maioria, por eles não saber ler e escrever.
   O povo era muito crente e muito devoto. A igreja, aos domingos e nas festas religiosas, enchia-se de fiéis, rezavam, cantavam, iam às procissões e às confissões. Eram tempos bem diferentes!
   E na Sexta-Feira Santa, tudo era escuro e triste. Os adultos cumpriam os preceitos decretados pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, mesmo os mais ricos, que não se importavam de pagar a bula e assim ter carne na mesa. Já nessa época, o pobre obedecia e o rico buscava forma de mostrar quem mandava na vida dele. Eu, nunca entendi essa diferenciação de religiosidade e de catolicismo.
   Nesta Sexta-Feira Santa, entrar na igreja matriz era como se estivesse a entrar numa catacumba escura e só de ver o caixão em cima do altar-mor, assustava qualquer um que ali fosse sozinho ao meio da tarde. Não se via nenhum dos santos dos altares, porque estavam cobertos com panos escuros, penso que roxos. O enorme caixão preto e os véus rendilhados de tecido também preto e umas rendinhas brancas, parecia mesmo que estávamos a participar no enterro de Cristo.
   E as mulheres? Lembro a figura da minha mãe e das outras santas mulheres, vestidas de roupas negras, da cabeça aos pés, algumas seguravam nas mãos, o seu terço de contas preto e crucifixo prateado, entravam devagar, paravam junto à pia de água benta e mergulhavam nela os dedos da mão direita e benziam-se para depois seguir pela coxia central e sentarem-se no banco.
   As cerimónias marcavam ainda mais a celebração e à medida que a narração da História se ia desenrolando, aumentava o desconforto emocional dos participantes. E a procissão do enterro? Tudo se tornava difícil de levar até ao fim. Os homens que levavam o caixão sabiam o quanto ele era pesado e tinham que parar várias vezes para colocar uns paus que lhes permitia ganhar fôlego para continuar. Dar voltas à aldeia era doloroso e a entrada na igreja faziam-no num silêncio sepulcral. As pessoas iam para as suas casas de cabeça baixa, de cara tapada com o xaile preto, subiam as escaleras e entravam mudas. Os lavradores ainda passavam pela loja, ver como estava o ambiente e depois de dar um jeito na cama do gado, despejam um punhado de feno para a manjedoura e iam descansar para junto da mulher.
   Mas que dia este de Sexta Feira Santa!
   E hoje, ainda será assim ?

4.7.15

FESTAS E TRADIÇÕES


Procissão a passar na Fonte Velha

Nas procissões de outros tempos, os homens iam à frente, alinhados em duas filas de cada lado da rua, levavam o chapéu na mão e as mulheres iam sempre atrás do padre, com a cabeça coberta por um véu ou um lenço. Naquele tempo, todos os santos desciam dos seus altares e saiam à rua na procissão e o estandarte maior e mais pesado era o mais pretendido pelos homens tidos como valentões.

2.9.14

AS FESTA DOS SANTOS

Procissão dos Santos(Foto de Júlio Cruz)
 
 Malcata é uma aldeia do enorme concelho que é o Sabugal. Freguesia com Junta e Assembleia, que para já, continuam a representar o poder político e administrativo do Estado.
A aldeia é também paróquia, integrada na Diocese da Guarda e sob o seu Bispo, é ao padre que cabe a responsabilidade de orientar esta comunidade de fiéis.
Tanto a Junta de Freguesia como a Paróquia são duas instituições que ao longo dos tempos servem de pilar da vida das pessoas que aqui nasceram e  vivem.
Ambas têm prestado um serviço ímpar e têm sido o elo de ligação deste povo.
   Os fregueses de Malcata são então membros de duas grandes instituições: a Junta de Freguesia e a Paróquia. A primeira faz parte do poder político e administrativo do nosso país e é a legítima representante do Estado. Os seus membros directivos são escolhidos pelo povo, através de eleições que se realizam de quatro em quatro anos. Já o mesmo não acontece com a escolha do pároco da comunidade religiosa de Malcata. É escolhido pelo Bispo Diocesano e sem haver consulta ao povo.
   Parece que somos um rebanho sem pastor…o novo padre é senhor de uma personalidade autoritária e está a ter dificuldade em manter o seu rebanho no seu curral uma vez que as ovelhas parecem renitentes em serem domesticadas, como por exemplo, quando vão nas procissões e o pastor lhes pede para formarem duas filas bem alinhadas e não caminharem todos juntos, atrás do andor do seu santo devoto, parecendo mais um rebanho de carneiros. Essa foi uma das dificuldades sentidas pelo padre , pois está a ser difícil manter o equilíbrio na balança de forças e sobretudo em conter os sentimentos reprimidos de alguns paroquianos.
   Para além da ordem na procissão vem ainda a ordem de durante a missa festiva levar os andores para o adro da igreja e dessa forma as pessoas poderem ocupar esses espaços até então ocupados pelos andores e participarem mais activamente nas cerimónias religiosas.
   Aparecer com esta ideia no sábado, véspera do dia da festa e sem que tenha existido um diálogo prévio, só poderia ter o desfecho que teve e as cerimónias ocorreram como nos outros anos. No dia da festa a igreja é realmente pequena e muitas pessoas ficam no exterior ocupando o adro, os degraus das escadas de acesso ao coro e ao campanário e até a sacristia fica superlotada.
   Tal como noutras aldeias, os habitantes de Malcata têm um forte apego e identificação cultural e religioso com a sua terra. Nas conversas de rua ou de café, sobressai o enorme apego, amor e identificação com Malcata, um certo sentimento de necessidade e até emocional de reviver o passado, o qual se torna mais visível nas festas do mês de Agosto. 
   Um acontecimento donde se pode concluir e medir as diferenças nas vivências e significados da religiosidade é a festa de Malcata. Enquanto no passado e até aos anos oitenta a festa, organizada rotativamente pelos mordomos do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Rosário, representava o momento auge da vivência religiosa da aldeia e as manifestações “profanas” eram muito poucas, pois para além da arrematação das oferendas ( Ramo ) e do baile animado pela banda filarmónica e tocador de acordeão, hoje estas são bem diversas e mais prolongadas no tempo. E hoje as colaborações que antigamente eram em bens alimentares agora são entregues em dinheiro. As festas de Malcata eram pagas com as contribuições de cada família e das quotas das Irmandades.  De  um dia de festa, que era o domingo, os gastos religiosos eram os dos padres que durante três dias vinham pregar à comunidade e no domingo da festa o pregador fazia o seu eloquente sermão, seguia-se o arranjo dos andores e da igreja, a banda da música filarmónica e os foguetes. Agora os gastos multiplicaram-se e a festa transformou-se numa competição e numa manifestação de prestígio, êxitos e poder que cada grupo de mordomos quer alcançar.      De um dia de festa, agora festejam-se  até 5 dias, com jogos populares, jantaradas, bandas musicais, discotecas móveis, festas da espuma e das pipocas, reconstituições medievais, acrobacias desportivas…levando o povo a embebedar-se de tanta festa. Ou seja, a festa religiosa continua cada vez mais engolida pela festa profana e nota-se uma certa sobre macia do laico sobre o religioso.
A aldeia de Malcata sofreu nestes últimos anos profundas mudanças e as repercussões reflectem-se na organização da freguesia e da paróquia, o que abrange a vida política, social e religiosa dos malcatanhos. A emigração, a Associação Cultural e Desportiva de Malcata, as próprias relações entre os residentes na terra e os que fora dela trabalham levou também a uma mudança e a uma maior influência da aldeia ao que se passa no mundo.
   Em Malcata, o poder está mudado e é disputado entre as várias forças existentes, estando o poder religioso a perder cada vez mais influência, surgindo sinais de discordância sobre quem deve ou não deter o poder sobre os espaços, os equipamentos, as festas e dinheiros que elas geram. E há muitos que querem o poder de poder sem pensarem que exercer  bem o poder é servir bem o povo.











  


15.8.09

FESTA DE SÃO BARNABÉ EM MALCATA

II-CHEGADA DA PROCISSÃO AO ADRO DA IGREJA

A procissão dos Santos inicia-se logo após a missa e termina no adro da igreja matriz. A igreja é pequena por fora mas grandiosa por dentro, como escassa é a população e grande o coração das pessoas que aguardam no adro a entrada na igreja de todas as imagens santas, bandeiras e estandartes.


Campanário

Lanternas e Cruz

São Domingos

Sagrado Coração de Jesus

Senhora de Fátima

Senhora dos Caminhos

Senhora do Rosário

O Padroeiro-São Barnabé
Banda da Bendada

Muita devoção


Adro da Igreja
Adeus a São Barnabé

Mais emoção e devoção

Este ano a procissão foi assim. As pessoas participaram no cortejo e no fim algumas lágrimas de saudade escorreram pela pele enrrugada de alguns sem nunca deixarem as suas rezas.

13.8.08

A PROCISSÃO


A Procissão

A procissão com os santos nos andores é sempre um dos momentos singulares da festa de Malcata. Os mórdomos e as mórdomas de cada santo esmeram-se e trabalham na véspera do domingo da festa na preparação do andor a cujo santo prestam mordomia. Para além do andor, preparam os estandartes e as bandeiras que no dia da procissão vão embelezar o cortejo. Também a banda de música participa tocando músicas apropriadas para o momento e claro, a presença do sacerdote é sempre necessária.