25.8.14

MINHA QUERIDA ALDEIA

A mini é a bebida de eleição

Malcata, uma aldeia com perto de 300 habitantes recebe, durante o mês de Agosto, cinco ou seis vezes mais pessoas que vêm passar uns dias. A maioria são filhos da terra que chegam de várias partes de Portugal, mas a maioria chegam de França. Toda esta gente vem dar outra vida à aldeia que cada vez cada ano vai ficando com menos residentes e muitas casas com portas e janelas fechadas.
Os carros com matrícula francesa ocupam os currais e as bermas das ruas. As pessoas, principalmente as crianças, têm que andar com mais cuidado e atenção aos automóveis e à proliferação das moto-quatro trazidas pelos emigrantes e que passam o tempo para lá e para cá, muitas vezes esquecendo as crianças e pessoas que, por falta de passeios, têm que andar pelas calçadas.
A festa de Malcata, que todos os anos é realizada no 2ºdomingo de Agosto, ainda continua a servir de vinda quase obrigatória para muitos daqueles que trabalham  bem longe da aldeia. As saudades da família e dos amigos, dos jogos populares organizados pela associação cultural e desportiva, a que se junta a festa que todos os anos o Lar oferece aos emigrantes, são o chamariz para que muitos apareçam na terra e até fim do mês de Agosto por cá fiquem.
Enchem-se as ruas, os cafés não têm mãos a medir e a espera de vaga de mesa nas esplanadas é feita de forma serena e sem pressas, porque todos compreendem que em Agosto é assim mesmo.
Aos domingos a igreja enche-se de fiéis e o que nos outros dias do ano parece grande e espaçoso, torna-se pequeno e apertado. Muitos acabam por ficar no adro da igreja ou nas escadas do campanário, porque até a sacristia fica cheia de pessoas, melhor dizendo, de homens, pois na sacristia e no coro, continuam a ser espaços para eles. Uma questão de somenos importância, mas que mostra um pouco a mentalidade e a tradição desta gente.
Claro, com a igreja cheia as cestinhas do ofertório enchem-se e aumenta a colecta, deixando o padre e a paróquia mais rica!
Também os outros negócios vêem aumentar as suas vendas. O mini-mercado, como é único, está quase sempre com pessoas na fila para serem atendidas. Já referi que os cafés também estão sempre com gente. É aqui o ponto de encontro das pessoas. Enquanto uns tomam o seu habitual café, ao lado formam-se grupos de homens para jogar as cartas. A sueca continua a ser o jogo mais jogado, seguido do jogo do “imbido” que, apesar de ser um jogo tradicional argentino, em Malcata e nos Fóios existem uns quantos CR’7s que limpam sempre tudo e quem os desafiar. E enquanto jogam lá vão saindo umas minis, uns cai-bem ou umas águas Castelo, sim ainda se bebe dessas águas em mini garrafinhas de vidro. O tempo passa com alegria e diversão, sem pressas e até que chegue o 31 de Agosto é diversão, comer e dormir.
No fim do mês, tudo muda e a aldeia regressa à normalidade de quem anseia um dia também ter família, casa, carro e dinheiro.
Termino com uma pergunta:
O que é a felicidade?

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